Estelionatários utilizam nome de hotéis para aplicar golpes nas redes sociais
As fraudes e estelionatos no setor do turismo não são novidade para quem curte viajar e para quem trabalha no setor, agências falsas, revenda de reservas, entre outros golpes, deram lugar aos crimes cibernéticos em nome de hotéis e espaços de lazer, que estão sendo cada vez mais frequentes.
Uma abordagem simples que engana muitas pessoas, geralmente, uma cortesia em agradecimento por seguir a conta falsa, 50% de desconto na hospedagem, diárias gratuitas. Promoções imperdíveis são oferecidas pelos estelionatários, em troca, a vítima passa seus dados pessoais e é convencida a clicar em um link. Ao clicar nesse link que chega por mensagem de texto, tem seu dispositivo invadido por um “Mobile Malware”, um vírus desenvolvido por hackers.
A administradora Bárbara Helen, de 32 anos, foi abordada na rede social Instagram por uma conta falsa com o nome do Hotel Fazenda Tucano. “Me pediram meu número de telefone para validar a promoção e como eu sempre quis ir aí eu acabei empolgando e cliquei no link que eles me mandaram via SMS. Mas ao mesmo tempo eu desconfiei e comecei a verificar tudo do insta deles. Data da 1 publicação, quantidade de seguidores, quantidade de publicações e vi que estava errado.”
No momento em que Bárbara percebeu que havia sido vítima de um crime cibernético e teve seus dados invadidos, contou que trocou suas senhas imediatamente e ativou a autenticação em dois fatores por meio de sua conta no e-mail. A administradora relata ter se sentido invadida e vulnerável.
O empresário Wander Coelho, diretor do Hotel Fazenda Tucano, tem conhecimento dos crimes cibernéticos aplicados em nome do hotel e afirma já ter apresentado denúncias à Polícia Civil de Minas Gerais, na delegacia especializada em investigação de crime cibernético. “A Associação Mineira Hotéis e Lazer (AMIHLA) e o Hotel Fazenda Tucano em particular, já fez várias denúncias na delegacia de crimes cibernéticos e algumas situações que apresentam é que às vezes os criminosos estão fora do estado ou até mesmo do exterior, dificultando a investigação.”
Segundo a advogada Débora Maciel, “As regulamentações sobre crimes cibernéticos encontram-se respaldas em legislações esparsas e específicas. Esparsas através de dispositivos contidos no Código Penal Brasileiro, como o cometimento de crimes como fraude, estelionato, calúnia, difamação e afins. Específicas em legislação recente, como a Lei 14.155/2021, qual prevê agravamento das medidas para cometimento de crimes como a invasão de dispositivo, furto qualificado e estelionato ocorrido no âmbito digital.”
O diretor executivo da Associação Mineira Hotéis e Lazer (AMIHLA), Alexandre Santos, conta que crimes cibernéticos utilizando o nome dos hotéis fragiliza a credibilidade dos canais oficiais de comunicação. Alexandre relata também que a Delegacia Especializada em Investigação de Crime Cibernético atendeu às demandas da associação, o que reduziu o número de golpes e contas falsas.
Pedidos de dinheiro e venda de objetos
Quando o dispositivo é invadido pelos criminosos, a vítima perde acesso às contas e tem suas senhas trocadas, assim, acontece o “sequestro de conta”. Logo, amigos, familiares e seguidores da vítima começam a receber mensagens pedindo depósitos ou a oferta de produtos com preços muito baixos.
A instrutora de informática Daiane Leite, de 33 anos, conta que não tinha conhecimento do golpe e foi a primeira vez que aconteceu com ela. Daiane foi abordada por uma conta falsa com o nome do Hotel Fazenda Tucano.
“Eles enviaram um código para o meu celular, quando eu informei o código, automaticamente eles entraram na minha conta e ‘hackearam’ minha conta toda.” Relata a instrutora de informática.
Daiane também revela que os estelionatários começaram a oferecer smartphones com preço muito baixo para enganar seus seguidores. “Muita gente começou a entrar em contato comigo e eu falei ‘gente, não sou eu, hackearam minha conta.”
O que fazer em casos de crimes cibernéticos
A Associação Mineira Hotéis e Lazer (AMIHLA) orienta aos hotéis associados a realizar Boletim de Ocorrência na delegacia de crimes cibernéticos, para que a Polícia Civil e Polícia Federal possam acompanhar os casos em conjunto. Outra orientação é denunciar a conta falsa na rede social para que seja suspensa.
O Diretor Executivo da Associação Mineira Hotéis e Lazer deixa orientações aos internautas. “A recomendação é que, por mais sedutora e interessante que a proposta seja e por melhor que seja o atendimento, é que a pessoa confira nos canais oficiais (do hotel), como site oficial e se possível entrar em contato para confirmar a veracidade da proposta antes de realizar qualquer pagamento.”
A advogada Débora Maciel aconselha, em casos de crimes cibernéticos, que a vítima reúna provas.
- Sugere-se diante de qualquer fato que gere estranheza, que a vítima preserve as imagens dos aplicativos, através de print’s (deixando visível a hora/data do ocorrido).
- Que remeta tais arquivos para local de armazenamento seguro, como pen drive, google drive e afins.
- Que, se possível, convide uma testemunha para acompanhar todo processo de coleta de provas, desde a verificação do fato até a denúncia.
- Após aquisição das provas, é de suma importância que a vítima se direcione a um cartório a fim de registrar através de ata notarial, as informações colhidas nos documentos digitais.
A advogada também ressaltou a importância de realizar a denuncia em uma delegacia de Polícia Civil especializada em crimes cibernéticos.
Prevenir é melhor que remediar
Para a prevenção de crimes cibernéticos, a Dra. Débora Maciel pontuou três atitudes imprescindíveis.
- Atualizar o número de telefone e e-mail: o e-mail e os números de telefo associados ao dispositivo devem estar atualizados. Dessa forma, se algo acontecer com a conta, o contato será feito de forma pessoal, ou seja, com a possível vítima. Um exemplo recorrente são os códigos de segurança gerados na tentativa de ingresso das contas virtuais, quais são enviados diretamente para a celular ou e-mail cadastrado da vítima.
- Denunciar conteúdos e contas que você considerar questionáveis: esta ação auxilia no combate às novas tendências e técnicas que os hackers e as contas de spam podem usar.
- Ativar a solicitação de login: ao ativar a autenticação de dois fatores no Instagram, a pessoa receberá uma mensagem de alerta toda vez que alguém tentar entrar na sua conta por meio de um dispositivo ou navegador da web que não reconhece